quinta-feira, 26 de julho de 2012

SP não pode ser refém

FONTE: www.ptalesp.org.br




O Estado de São Paulo, especialmente as cidades da região metropolitana, está sofrendo cada vez mais com a insegurança pública. Apenas nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública, mais de 40 PMs foram assassinados por bandidos; aumentou em 16,3% o número de homicídios; em 16,7% o de estupros; em 26% o de roubo de veículos e em 10,9% o de roubos de carga. Além disso, vem crescendo o número de assaltos a estabelecimentos comerciais e o de roubos de pessoas nos bairros mais distantes do centro das cidades. Ocorreram até arrastões em cerca de 40 restaurantes da capital. 

Como se não bastasse, os paulistanos voltaram a viver o terror das ações do PCC, o Primeiro Comando da Capital, que estaria por trás do assassinato de vários PMs e dos incêndios de ônibus – uma resposta à suposta execução de seis de integrantes da gangue pela Rota (o aumento do número de pessoas mortas pela Rota, aliás, é outro sintoma dessa violência). É preciso lembrar que em 2006, a partir dos presídios paulistas, o PCC conseguiu aterrorizar e paralisar a cidade de São Paulo com atentados que mataram mais de 50 pessoas, diante de uma polícia completamente estupefata. De lá para cá, as coisas só pioraram, com a organização criminosa se consolidando no comando do tráfico de drogas em São Paulo.

Como explicar o aumento da criminalidade no mais importante Estado do Brasil, justamente num momento em que o país experimenta crescimento econômico, redução do desemprego e distribuição de renda? A resposta é que os sucessivos governos do PSDB, que estão no poder em São Paulo há 17 anos, vêm cortando sistematicamente verbas da segurança pública. Aos longo dos últimos anos, os tucanos vêm contingenciando recursos para infraestrutura e pessoal, afetando programas de reaparelhamento, inteligência e capacitação de policiais. O resultado são salários baixos, equipamento obsoleto e desmotivação, com dificuldade crescente em ampliar a qualificar a força policial. 

Para se ter uma ideia das conseqüências dessa política, basta ver, por exemplo, que a remuneração dos delegados paulistas está entre as piores do país e que os policiais civis do estado têm o 25º salário mais baixo da federação. Outro dado é que o policiamento ostensivo da PM nas ruas vem diminuindo em São Paulo , apesar do crescimento da população. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, nos últimos anos cerca de 3.000 policiais militares foram deslocados para serviços administrativos. O relatório mostra que em 2008 havia 60.347 policiais atuando nas ruas de São Paulo; em 2011 esse número havia caído para 57.630 PMs.

São Paulo não pode continuar sendo refém. É preciso valorizar nossa polícia, investindo para ampliar seus efetivos, melhorar suas condições de trabalho e sua capacitação. Não é possível admitir que, no estado mais rico da nação, policiais sejam obrigados a recorrer a bicos para reforçar o salário. Não podemos aceitar passivamente o aumento da criminalidade e da violência em São Paulo justamente no momento em que o país se transforma numa nação mais inclusiva e mais justa.

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