segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Nota do Diretório Nacional do PT sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula


Fonte: www.pt.org.br

Dirigentes e militantes petistas manifestam apoio e carinho a Lula


Nota do Diretório Nacional do PT sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na sexta-feira (28)  no hospital Sírio-Libanês para exames, após queixas de dores na garganta.
Segundo nota do hospital divulgada neste sábado (29), os exames diagnosticaram um tumor localizado na laringe.
Por decisão dos médicos, o ex-presidente receberá tratamento quimioterápico de caráter ambulatorial a partir de segunda-feira (31).
Segundo a equipe médica que assiste o ex-presidente, ele se encontra em ótimas condições de saúde e as chances de cura são excelentes.
A direção nacional do PT, assim como todo o conjunto de dirigentes e militantes do Partido, contando com o seu pronto restabelecimento, conclama toda a nação brasileira a enviar uma calorosa mensagem de confiança e de energia positiva ao ex-presidente Lula neste momento de dificuldade.
Ex-presidente Lula, conte com o apoio e o carinho de todos os brasileiros e brasileiras!
Brasília, 29 de outubro de 2010.
Diretório Nacional do PT

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ato pela CPI das emendas: movimentos cobram transparência no governo Alckmin





A CUT vai produzir material com fotos dos deputados que assinaram o pedido de CPI e também daqueles que se negaram a assinar o pedido.
Por Imprensa PT Alesp
Sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Há 18 anos Manuel Otaviano da Silva participa de manifestações populares em defesa da democracia e cidadania.

Sua jornada, especialmente na Central de Movimentos Populares, já completou 10 anos. Hoje foi mais um dia em que Manoel entrou em cena e, desde às 9 horas da manhã, fincou seu arsenal constituído de apito, panfletos e muita animação passou o dia na rampa de entrada do maior Parlamento da federação brasileira. Junto com outros militantes de movimentos sociais e sindicais, Manoel que é da direção estadual da CMP, abordou aqueles que chegavam pediam apoio à CPI da Venda das Emendas. Incansável ele argumentou, falou e falou sobre a importância da instituição da CPI. “Nós temos clareza de só uma CPI pode apurar a fundo a venda de emendas. Depois da União São Paulo tem o maior orçamento da União e é inconcebível que desviem dinheiro público, enquanto nossa população carece de coisas básicas como saúde, moradia e educação,” protestou.

Lá do alto do caminhão de Wagner Gomes, secretário nacional de finanças da CUT, defendeu a reforma política para acabar com o fisiologismo e desvios de recursos públicos. Para Gomes São Paulo precisa reagir e o Ato foi uma demonstração da força de homens e mulheres trabalhadores do Estado. “Nós não aceitamos esta operação abafa que ocorreu hoje no Conselho de Ética queremos uma CPI para apurar os desmandos do governo tucano”, ressaltou.

Já o presidente da CUT estadual Adi dos Santos Lima, saldou os manifestantes e os deputados presentes no Ato e destacou a importância da eleição de políticos comprometidos com os interesses da população. “Os trabalhadores sabem com quem pode contar e quem defende a sociedade e quer esclarecer a venda das emendas e negociações feitas com o dinheiro público” e ao final informou que a CUT vai produzir material com fotos dos deputados que assinaram o pedido de CPI e também daqueles que se negaram a assinar o pedido. “Eles é que se expliquem por que não querem investigar“.

Todas as manifestações foram acompanhadas por Manuel e seus companheiros de luta e a cada deputado e ou deputada que subia no caminhão de som e assumia o microfone a plateia aplaudia, tremulava as bandeiras de suas instituições e apitam. “Isso é democracia, isso é cidadania” outro explicava para o pipoqueiro que se juntou ao Ato e garantiu sua renda do dia.

Aliados de Alckmin enterram Conselho de Ética

Os deputados da base governista no Conselho de Ética aprovaram, nesta manhã (27/10), requerimento do deputado Campos Machado (PTB) para que a apuração das denúncias sobre a venda das emendas parlamentares seja feita pelo Ministério Público.

“Foi enterrado o Conselho. Este é o golpe da base aliada que não quer apuração de nada”, desabafou o líder da Bancada do PT, Enio Tatto. Para ele, “este fato torna ainda mais vital a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito”.

Com a aprovação do requerimento do deputado Campos Machado, todos os outros requerimentos deixam ser apreciados, inclusive o que solicitava a presença do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional, Emanuel Fernandes, e da subsecretária de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Rosmary Corrêa, para esclarecer a suposta omissão na apuração das denúncias, que segundo o deputado Roque Barbiere tinham conhecimento.

No total, foram apresentados ao Conselho 18 requerimentos, que deixaram de ser apreciados, seja porque tiveram pedido de vistas ou foram sumariamente rejeitados pelo base aliada. Apenas três foram aprovados.

Governo não quer perder relatoria

Os membros do Conselho de Ética foram surpreendidos na reunião do Conselho pelo anúncio do deputado José Bittencourt de que deixou o PDT e passa a integrar o quadro do PSD.

José Bittencourt era relator do Conselho, ocupando vaga do PDT, com sua saída do partido teria que deixar a relatoria, cabendo ao PDT indicar outro.

De imediato, o líder petista se pronunciou dizendo que a Bancada iria apresentar uma Questão de Ordem para que a presidência da Casa se pronuncie sobre a que partido pertence a vaga da relatoria no Conselho de Ética.

O deputado Major Olímpio, líder do PDT, reivindica a relatoria e afirmou que oficializará, ainda nesta quinta-feira, a presidência da Assembleia para que a questão seja resolvida o mais breve possível.

PT protesta contra prorrogação do Conselho

O Conselho de Ética votou, ainda, que seus trabalhos podem ser prorrogados por até 15 dias. A Bancada do PT se absteve, na votação, como meio de protesto contra a manobra dos aliados do governo que “encerraram” os trabalhos do Conselho, sem apurar nada.

Mandar o quê para o MP?

Em entrevista coletiva, ao final da reunião do Conselho, o petebista Campos Machado foi questionado pelos repórteres sobre o que seria enviado ao Ministério Pública, uma vez que o Conselho de Ética não apurou nada e só ouviu uma pessoa (o deputado Major Olímpio). Campos Machado esquivou-se da resposta, dizendo que tudo será encaminhado ao MP.

Para o deputado João Paulo Rillo, “o envio ao MP vai ter vexatório, porque vai ser o ‘nada’ que vai ser encaminhado”. Ainda segundo ele, “a única saída para jogar um pouco de luz na Assembleia é a instalação da CPI. Hoje estamos no escuro, com a imagem da Casa manchada”.

O líder do PT, Enio Tatto, comemorou a trigésima assinatura no pedido de CPI da venda das emendas. O deputado Roque Barbiere, autor das denúncias sobre a suposta venda das emendas, é o mais recente signatário. Com isso, agora só faltam mais duas assinaturas para que o pedido atinja o número regimental (32) para ser protocolada.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pobres não podem pagar a conta da crise, diz Lula na Espanha


Apresentado na Espanha como “a referência mais clara para um mundo justo”, o ex-presidente Lula cobrou, nesta terça-feira (19), a implantação das medidas contra a crise propostas em 2009 pelo G20 em Pittsburgh, nos EUA. Entre elas estão a regulamentação dos mercados financeiros e dos paraísos fiscais.
Segundo o ex-presidente, a crise não pode ser vencida apenas com medidas de ajuste, pois é necessário fazer com que a economia dos países volte à normalidade, com estímulo ao crescimento e ao comércio, diminuindo o protecionismo. “Não se pode permitir que o povo pobre e trabalhador, que não tem nada a ver com a crise, pague a conta”, afirmou.

Lula ressaltou que crise não é só da Europa, e que sua solução passa por decisões de longo prazo. “Não necessitamos de políticos quando tudo está bem. Sou político, não nego a política, não acho que haja solução fora da política e não tenho vergonha de ser político. Os políticos não podem tomar decisões pensando nas próximas eleições. Têm que pensar nas próximas gerações”, disse.
O ex-presidente participou da III Global Progress Conference, promovida em Madri pela Fundácion Ideas e pelo Center for American Progress, com a colaboração do Instituto Friedrich Ebert. Além dele, estiveram no evento o ex-presidente da Espanha, Felipe González, o ex-primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, além de Alfredo Pérez Rubalcaba, candidato do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) nas eleições que serão realizadas em novembro.
De acordo com Lula, em 2008 e 2009 já se dizia que a “era do sigilo bancário” havia acabado. Naquela época, logo após a primeira onda da crise global, os países do G20 já haviam identificado as causas do problema, e sinalizavam que era necessário proteger consumidores e investidores para garantir que não houvesse abusos do mercado financeiro.
Democracia
Ao citar a sua experiência no governo, o ex-presidente afirmou que o maior patrimônio que deixou ao Brasil foi uma boa relação entre Estado e sociedade. “Fizemos 73 conferências nacionais para definir as políticas públicas e não houve nenhum setor que não foi convidado.”
O resultado dessa política, de acordo com o Lula, foi criação de milhões de emprego e a retirada de mais de 28 milhões de pessoas da extrema pobreza. “Fizemos uma combinação que nem acreditávamos ser possível. Aumentamos o mercado externo e as exportações, aumentamos o salario mínimo sem aumentar a inflação”, disse.
A previsão do ex-presidente é de que o Brasil continue nesse rumo. “Nós temos um amplo programa de investimentos até 2020 para que, se tudo der certo, o Brasil vai se tornar a quinta economia do mundo.”

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Formação Política.


Realizou-se dia 22/10/2011 mais uma etapa da formação política em nossa Microrregião, onde foram expostos os temas da linha do tempo do PT Nacional, Estadual e Municipal e ainda fizemos a análise de Conjuntura dos Municípios de nossa Microrregião que participaram como Araçariguama, Alumínio, Ibiúna e São Roque onde iniciamos nossas atividades às 8:30 hs e as discussões foram até meados das 13:30 hs com intervalo para um almoço com nossos companheiros que estiveram aqui presentes.
Contamos com a presença de nosso coordenador de nossa Microrregião o prof. Rogério Souza, os presidentes do DM de Araçariguama o sr. Joaquim Alves Teixeira, o nosso presidente municipal o sr. Aloir de Paula, o membro que representa nossa microregião na macrorregião o sr. Marcelo Roque da Costa, o representante do município de Ibiúna o sr. Jadi Tanaka e demais companheiros que vieram contemplar mais essa etapa em nossa jornada de formação política.
Fizemos também a análise das possíveis coligações a serem desen
Os companheiros que estiveram presentes em lista assinada foram:

Jaqueline S. de Paula - Alumínio
Nalva de Jesus Alves - Araçariguama
Luiz André - Araçariguama
Marcelo Roque da Costa - São Roque
Joaquim Alves Teixeira - Araçariguama
Silvia Regina Correa Martins - Alumínio
Jadi Tanaka - Ibiúna
Rogério de Souza - São Roque
Alberto Rossi dos Santos - Alumínio
Lourenço de Almeida - Alumínio
Pedro Luiz dos Santos - Alumínio
Vicente P. G. Cardozo - Alumínio
José Francisco de Oliveira - Alumínio
Aloir de Paula - Alumínio
Alberto Lima - Alumínio
Brando Lopes - Alumínio
Antônia Crispim Capucho - Alumínio
Julio César Santiago de Paula - Alumínio

Imprensa espanhola destaca conselhos de Lula contra a crise



As medidas contra a crise sugeridas pelo ex-presidente Lula durante congresso em Madri ganharam destaque na imprensa europeia. Confira abaixo o que disseram alguns veículos de comunicação:
El País
El jarrón chino se llama Lula
(…) Con el carisma del obrero metalúrgico que fue líder sindical y llegó a presidente (2003-2011) de un país de 200 millones de habitantes, Luiz Inácio Lula da Silva dijo: “Necesitamos políticos con coraje, dispuestos a servir bebidas amargas, pero no a permitir que el pueblo trabajador pague la crisis, [políticos] que piensen más en las próximas generaciones que en las próximas elecciones”. Estas palabras fueron recibidas con una de las varias ovaciones que logró el también exlíder del Partido de los Trabajadores de Brasil. (…)
EFE
Lula aconseja a la UE menos ajustes y recapitalizaciones, y más crecimiento
(…) “Solo hay una salida: crecimiento económico, más comercio y menos proteccionismo, porque eso generará más empleo, más ingresos y más desarrollo”, argumentó. Según Lula da Silva, Europa tendría que dejar de hablar de “ajustes fiscales y recapitalizaciones de los bancos”, cuestiones que centrarán la cumbre de Bruselas del próximo día 23 con el fin de atajar los problemas de la deuda soberana. (…)
El Confidencial
Lula, socialdemócrata y triunfador, da oxígeno al PSOE contra la ‘marea neoliberal’
(…) Lula recomendó a los líderes europeos que dejen de hablar de ajustes fiscales y recapitalizaciones de bancos para “discutir de política”, de regulación de los mercados, de poner coto a los paraísos fiscales y promover el comercio internacional tumbando el proteccionismo. De acuerdo con el ex mandatario, la solución a la crisis no vendrá de técnicos, sino de “políticos con coraje” para aplicar las decisiones aprobadas en 2009 en el marco del G-20, y que en lugar de pensar en las “próximas elecciones, piensen en las próximas generaciones”. “Ya me gustaría”, replicó irónicamente Rubalcaba, quien envidió la “libertad” de los ex presidentes para dar consejos sin preocuparse por las encuestas.
Público.es
Lula aconseja a la UE menos ajustes y recapitalizaciones
El expresidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva recomendó este jueves a los líderes de la UE dejar de discutir de ajustes fiscales y recapitalizaciones de los bancos, y buscar la solución de la crisis en más crecimiento económico, más comercio y más creación de empleo.
Diario Siglo XXI
Lula carga contra la recapitalización bancaria y pregunta si se hará lo mismo con quienes perdieron la casa o el empleo (…) El principal problema era el endeudamiento excesivo de empresas, bancos y consumidores, “que fueron obligados a creer en una política de crédito según la cual el ser humano podría gastar más de lo que ganaba sin problemas”.  Los gobernantes, prosiguió, fueron después “obligados” a asumir esa deuda, que se convirtió en pública, ahogando el crecimiento y la creación de empleo. (…)
Diario Progressista
“Menos recapitalizar bancos, y más recapitalizar a quienes han perdido sus casas y empleos”
(…) El ex presidente brasileño nunca defrauda en sus intervenciones públicas. Ayer en Madrid volvió a demostrar por qué, en un discurso en el que recordó que la crisis política y económica que vive el planeta tiene su origen, sobre todo, en la falta de decisión de los líderes internacionales, que todavía no han aplicado ninguna de las decisiones adoptadas en las últimas cumbres del G-20. “Ya en la reunión de Washington de 2008, los líderes internacionales supimos establecer con claridad el diagnóstico de la situación y las medidas necesarias para acabar con la crisis que estaba comenzando. Nada de lo acordado se llevó a la práctica”, se quejó Lula da Silva. (…)
Ansa Latina
Lula pide control para cumplir indicaciones econômicas
El ex presidente brasileño Luiz Inacio Lula da Silva reclamó hoy instituciones multilaterales que obliguen a cumplir las recomendaciones de los organismos internacionales y políticos “con coraje” que sirvan “bebidas amargas”. (…)

sábado, 22 de outubro de 2011

Sociólogo norte-americano antecipa que ‘o capitalismo chegou ao fim da linha’




capitalismo



Aos 81 anos, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema. Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e explorador) do que temos hoje em dia.


Estamos, pensa este professor da Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio a uma bifurcação, um momento histórico único nos últimos 500 anos. Ao contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico. Desabará sobre suas próprias contradições. Mas atenção: diferentemente de certos críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações humanas são irrelevantes.
Ao contrário: para ele, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja, nossas escolhas realmente importam. “Quando o sistema está estável, é relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante.”
É no emblemático 1968, referência e inspiração de tantas iniciativas contemporâneas, que Wallerstein situa o início da bifurcação. Lá teria se quebrado “a ilusão liberal que governava o sistema-mundo”. Abertura de um período em que o sistema hegemônico começa a declinar e o futuro abre-se a rumos muito distintos, as revoltas daquele ano seriam, na opinião do sociólogo, o fato mais potente do século passado – superiores, por exemplo, à revolução soviética de 1917 ou a 1945, quando os EUA emergiram com grande poder mundial.
As declarações foram colhidas no dia 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa Interview na emissora de televisão russa RT. A transcrição e a tradução para o português são iniciativas do sítio Outras Palavras, 15-10-2011.
Leia aqui a entrevista, na íntegra:
– Há exatamente dois anos, você disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse colapso está acontecendo agora?
– Não, ainda vai demorar um ano ou dois, mas está claro que essa quebra está chegando.
– Quem está em maiores apuros: Os Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?
– Na verdade, o mundo todo vive problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China – também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.
– Você está dizendo que o sistema financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo contemporâneo?
– Essa é uma história muito longa. Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns 20, 30 ou 40 anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir duas pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo.
– Qual a sua visão?
– Eu gostaria de um sistema relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível. A outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador. O capitalismo já é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele. É como vejo a luta política que vivemos. Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.
– Então, a bifurcação do sistema capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?
– Sim, as raízes da crise são, de muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo, que é a acumulação sistemática de capital. Esse é o ponto central do capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos. Foi um sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer. Mas se desfez, como acontece com todos os sistemas.
– Esses tremores econômicos, políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?
– Se você pergunta se os tremores são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são extremamente perigosos para nós. Na verdade, num dos livros que escrevi, chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com o imprevisível a curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no ano seguinte. Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no mundo da economia hoje. É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas opções, e estão certas, as opções são escassas.
– Então, estamos nesse processo de abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse processo. Você vê uma saída?
– Sim! O que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem. Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e, no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo. Estamos na Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917. Foi um enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação ao lugar que ocupava em 1917? Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar, ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução Francesa.
– O que isso diz sobre a importância das escolhas pessoais?
– A situação muda quando você está em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil. Qualquer esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização” da velha distinção filosófica entre determinismo e livre-arbítrio. Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante. As ações de cada um realmente importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu argumento básico.
– Você sempre apontou Karl Marx como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão relevante no século XXI?
– Bem, Karl Marx foi um grande pensador no século XIX. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século XIX. Uma de suas grandes limitações é que ele era um economista clássico demais, e era determinista demais. Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse fim se dava como resultado de um processo de revolução. Eu estou sugerindo que o fim é reflexo de contradições internas. Todos somos prisioneiros de nosso tempo, disso não há dúvidas. Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um pensador do século XIX; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século XX.
– Do século 21, agora…
– É, mas eu nasci em 1930, eu vivi 70 anos no século XX, eu sinto que sou um produto do século XX. Isso provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento.
– Quanto – e de que maneiras – esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?
– Eu acredito que sim. Acredito que o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de 1968, que não foi um evento sem importância. Na verdade, eu o considero o evento mais significantes do século XX. Mais importante que a Revolução Russa e mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em 1945. Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em todo o mundo.
– Você disse que vivemos a retomada de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?
– Eu acho que as pessoas sentem um desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou 1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.
– Você acredita que, com todo o progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?
– Significa que as pessoas estão prontas para serem violentas em muitas circunstâncias. Somos mais civilizados? Eu não sei. Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não são os bárbaros que tentam destruir os civilizados. Os civilizados definem os bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.
– É isso que vemos hoje? O Ocidente tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?
– É o que vemos há 500 anos.

Fonte: Correio do Brasil

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PT questiona projeto que transforma HC em autarquia


PT questiona projeto que transforma Hospital das Clínicas em autarquia 


 

Toda a indignação dos parlamentares da Bancada do PT com o Projeto de Lei Complementar (PLC) 79/2006, de iniciativa do governo do Estado, que transforma o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em autarquia de regime especial, foi expressa pelo deputadoEdinho Silva, que ressaltou que este é um tema que vai muito além das mudanças no funcionamento do hospital, mas de concepção da gestão da saúde pública em São Paulo.

A preocupação de servidores e representantes de Sindicatos é que a autarquia especial seja um primeiro passo para a privatização dos serviços do hospital.

O governador Geraldo Alckmin pressiona para que a Assembleia Legislativa aprove o projeto junto com o projeto que institui o Plano de Cargos, Vencimentos e Salários dos servidores da Saúde, sem que haja tempo para um debate com a sociedade. Esta denúncia foi feita pelo deputado Adriano Diogo, na audiência pública que debateu os o projeto de lei do plano de cargos da Saúde, no último dia 18/10.

Diante disso, a Bancada do PT apresentou emenda de Plenário, fazendo com que o Projeto retorne às Comissões, para que possa ser debatido.

Privatização

De acordo com a Liderança do PT na Assembleia, o projeto, enviado a Casa pelo então governador do estado, Cláudio Lembro, em dezembro de 2006, visa fundamentalmente legalizar a relação do HC com as chamadas fundações de apoio. O caráter de regime especial oferece à autarquia uma maior autonomia, comprometendo, muitas vezes, a transparência das suas ações, a participação e controle social.

O PLC dá, por exemplo, um poder maior para a contratação de serviços privados, na composição do quadro de pessoal, no recebimento e decisão na aplicação de recursos entre outros. O Projeto recebeu, na época que chegou à Assembleia, 11 emendas dos deputados petistas da Comissão de Saúde.

“Estamos diante de um debate fundamental para a organização da saúde pública no Estado. Pela sua tradição, capacidade de pesquisa, de atendimento, formação, o HC é o principal hospital SUS no Brasil”, enfatizou o deputado Edinho Silva. Segundo o parlamentar, aquilo que for construído em termos de modelo de gestão e qualidade no atendimento, ou o contrário, a desorganização na prestação de serviço público no HC, vai influenciar na saúde o Brasil como um todo.

Segunda porta

Edinho criticou a chamada segunda porta dentro de um dos principais hospitais SUS do país. “Não podemos permitir que o corpo da lei autorize a criação da “segunda porta”, de venda de serviços para a saúde privada. Na prática, isso significa que teremos serviços diferenciados dentro de um hospital público, para os usuários SUS e para aqueles que têm condições de pagar o serviço privado” explicou o deputado.

Para ele, criar serviços diferenciados no HC, principal hospital SUS do Brasil, é um grande equívoco. A criação da segunda porta é a negação da principal diretriz do SUS que prevê a universalização do atendimento com qualidade

“O HC, que é o maior hospital SUS do Brasil, de grande respeitabilidade, deveria trabalhar para que todos os pacientes fossem atendidos da mesma forma, sinalizando o padrão SUS, que deve ser buscado”. “Ao contrário disso, o Governo de São Paulo, do estado mais rico da Nação, propõe a criação de uma segunda porta.
A aprovação desse projeto significaria dizer à população brasileira que o sistema SUS não tem jeito, que está falido. Todos nós que sonhamos com o Sistema Único universal de qualidade, estariamos dizendo que isso nunca será alcançado”, disse.

*com informações da Ass. de Imprensa do dep. Edinho Silva



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rochinha: PT deve retomar mandatos de quem deixou o partido nas últimas semanas


Fonte: www.pt.org.br
Francisco Rocha da Silva, o Rochinha (Foto: Rossana Lana/PT)

Representação do dirigente atinge quem deixou o Partido nas últimas semanas por razões exclusivamente eleitorais


O dirigente Francisco Rocha da Silva, o Rochinha, membro da Comissão Nacional de Ética e Disciplina do PT, protocolou uma representação na Secretaria Geral e na Secretaria Nacional de Organização pedindo à direção nacional que retome os mandatos de quem deixou o PT nas últimas semanas por razões exclusivamente eleitorais.
Leia abaixo a íntegra do documento:
Representação aos membros da Comissão Executiva Nacional e do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
São Paulo, 19 de outubro de 2011
Companheiros e companheiras,
Os dias que antecederam o fim do prazo para filiação partidária, com vista às eleições municipais de 2012, foram de intensa movimentação entre aqueles que pretendem se candidatar a algum cargo no ano que vem. A avalanche de trocas partidárias envolveu praticamente todas as legendas, inclusive o PT.
É direito democrático do cidadão e da cidadã disputar eleições pelo partido que lhe oferecer as melhores condições ou os melhores acordos políticos. Contar com o alicerce e o apoio das estruturas partidárias é fundamental para a pessoa se eleger.
Mas essa é uma via de duas mãos, motivo pelo qual, em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal entendeu que os mandatos não pertencem aos indivíduos, e sim aos partidos. Pela lei, governantes e parlamentares só podem trocar de partido durante o exercício do cargo em situações muito especiais, como, por exemplo, quando há divergências programáticas ou ideológicas.
Portanto, faço essa representação junto às instâncias dirigentes do PT, no sentido de que peçam de volta na Justiça os mandatos de todos aqueles que deixaram o partido nas últimas semanas por interesses exclusivamente eleitorais.
Francisco Rocha da Silva (Rochinha)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

TVPT promove bate-papo ao vivo pela internet

Fonte: www.pt.org.br

Renato Simões (Movimentos Populares) estará ao vivo. (Arte Vilhena - PT)

Com a participação dos internautas, Renato Simões estará ao vivo no próximo dia 26, às 20h00.


A democratização da comunicação passa também pela interatividade, pela participação de todos. Pensando nisso, o PT promoverá uma série de entrevistas e debates com transmissão ao vivo, pela internet. 
No próximo dia 26 o convidado é o secretário nacional de movimentos populares do partido, Renato Simões. A sugestão de tema para este debate com os internautas é a implantação dos núcleos de militantes virtuais.
A criação dos núcleos foi aprovada pela Comissão Executiva Nacional do PT, que decidiu:
1. Mandatar as Secretarias Nacionais de Comunicação e de Movimentos Populares para apresentar ao próximo Diretório Nacional projeto de resolução sobre a implantação dos Núcleos de Militantes Petistas em Ambientes Virtuais (MAVs);
2. Convocar, ainda neste ano de 2011, uma primeira Plenária Nacional de Militantes Petistas em Ambientes Virtuais, em data a ser definida, utilizando para tanto as ferramentas tecnológicas que lhe assegure abrangência nacional.
O presidente Rui Falcão, e o secretário nacional de comunicação André Vargas, também estarão ao vivo, em data a confirmar, para falar sobre o tema.
Estão previstos ainda outros bate-papos ao vivo com secretários, dirigentes e lideranças petistas. As transmissões estão centradas na participação dos internautas que podem interagir ao vivo com o entrevistado.
(Ricardo Weg – Portal do PT

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Análise de Conjuntura do PT.



Fonte: www.pt.org.br

Em duas décadas e meia de redemocratização, o Brasil aboliu a censura, aprovou um capítulo inédito para a Comunicação Social na Constituição Federal, escreveu, com participação popular, uma das legislações de televisão a cabo mais avançadas do mundo, construiu um novo marco regulatório para as telecomunicações, instituiu oficialmente o serviço de radiodifusão comunitária, implantou um modelo democrático de governança na internet e incorporou velozmente as novas mídias.
Esse cenário histórico recebeu um aporte importante durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, que debateu de forma pública o processo de introdução da tecnologia de televisão digital, a regulação do conteúdo audiovisual, a classificação indicativa e a criação de uma rede de emissoras públicas. Realizou a 1ª Conferência Nacional de Comunicação e discutiu com a sociedade o Marco Civil da Internet e a reforma da legislação do direito autoral.
Com a Presidenta Dilma, é fundamental agora aprofundar e dar continuidade ao processo democrático de revisão do arcabouço regulatório da área das comunicações e de políticas públicas que promovam a inclusão social dos brasileiros, a diversidade cultural e o desenvolvimento econômico dos setores envolvidos no processo de convergência tecnológica.
O conhecimento e o diálogo estão alcançando um número maior de pessoas, mas a tarefa de levar estas novas tecnologias de informação e comunicação a toda sociedade ainda está por ser feita, sob pena de o ambiente digital ampliar – ao invés de reduzir – as desigualdades entre aqueles que têm cada vez mais conhecimento, cada vez mais participação, e aqueles que ficam alijados do processo de desenvolvimento. Nosso País precisa urgentemente saltar sobre esse fosso da exclusão e ter como Norte a universalização do acesso aos serviços e conteúdos das comunicações.
Além de garantir a produção e circulação de conteúdo nacional e o acesso às novas redes, o PT precisa contribuir para que estes instrumentos cumpram sua função social: aproximar culturas e mediar o diálogo nacional. A homogeneidade da comunicação de massa está cedendo lugar à diversidade cultural das trocas simbólicas. Se até então éramos ligados apenas por uma maneira de ver e ouvir, agora temos também a oportunidade de falar, de comunicar, de interagir. Essa é a grande complexidade do desafio que se coloca ao novo arranjo institucional das Comunicações, que precisa contemplar uma dupla responsabilidade: induzir o desenvolvimento sustentável e desconcentrado dos setores econômicos, enquanto promove e protege a diversidade cultural e a liberdade de expressão.
O panorama atual da área das comunicações no Brasil revela que temos muito trabalho a ser feito. Ao olharmos para os rincões do Brasil ainda conseguimos enxergar claramente essa divisão sócio-cultural do País. A Nação dos 17 milhões de domicílios com acesso à internet com banda larga e dos 11,3 milhões de assinantes de TV paga convive com habitantes que estão submetidos a um regime de informação do século passado. É sempre bom lembrar que menos de 3% dos municípios brasileiros recebem o sinal de mais de uma emissora de televisão local. Somente metade das localidades possui acesso à rede mundial de computadores e metade dos brasileiros afirma que nunca acessou a internet. Na maior parte de nossas cidades, sem cinema e sem livraria, o rádio e o jornal são as principais fontes de informação dos cidadãos sobre sua realidade. E a televisão é, praticamente, a única fonte de entretenimento e lazer. O que faz com que seja ainda mais importante que a televisão brasileira se atualize para operar fora do paradigma da integração vertical em um mercado globalizado e diversificado no qual a Comunicação é percebida como um direito social tão importante quanto qualquer outro.
No que se refere ao mercado, é essencial que o PT apóie o reordenamento econômico da área das comunicações diante dos novos modelos de negócios e de práticas concorrenciais sintonizadas com esta alteração do modo como consumimos conteúdo de informação e comunicação.
A convergência tecnológica, as mudanças nos modelos de negócio e a crescente importância dos conteúdos digitais criativos não garantem, por si só, que o setor das comunicações deixará de tender para a concentração e o oligopólio. Muito pelo contrário: o cenário mundial mostra uma crescente concentração de propriedade entre grupos transnacionais, o que inclui a fusão entre grupos tradicionalmente ligados à produção de conteúdos e grupos tradicionalmente ligados às telecomunicações.
É por isso que o PT afirma seu compromisso com a cultura como bem comum, o que impõe a nós a tarefa de mobilizarmos a sociedade por uma nova legislação dos direitos de autor e propriedade intelectual que corrija essa tendência de concentração de poder sobre os bens simbólicos distribuídos por esses conglomerados.
Vale saber que pequenas células de desenvolvimento de inovação, abertas ao experimentalismo e ao compartilhamento de técnicas e ideais, geram produtos novos, que escapam à lógica do lucro e à capacidade de replicação dos grandes conglomerados de comunicação. O Partido dos Trabalhadores precisa ajudar nosso governo a inserir esses milhares de realizadores de conteúdo audiovisual e digital, sejam eles indivíduos, empresas ou agentes organizados em coletivos, dentro de um mercado que é cada vez mais global e multiplataforma, e no qual se desenvolvem diversos modelos de negócio além dos tradicionalmente engendrados pelas indústrias culturais.
Além de regular os oligopólios com o objetivo de criar condições de entrada de novos atores no mercado, precisamos pensar formas de induzir as empresas já instaladas no Brasil a aproveitar sua capacidade para projetar internacionalmente organizações, produtores e desenvolvedores independentes de conteúdo nacional, estimulando também as práticas solidárias e novos modelos de negócio que surgem a cada dia.
No terreno da distribuição e da livre circulação dos conteúdos, a hora é de incorporar uma nova visão sobre a democracia e a esfera pública. Se no início do século passado governar era abrir estradas, agora é o momento de construir o sistema viário da informação, que são as “estradas” digitais, combinando tal tarefa com o fomento à produção de conteúdos brasileiros que naveguem por essas “estradas”.
O acesso às redes de telecomunicações é o grande trunfo estratégico do Estado para inserir nossa economia e nossos cidadãos na era da sociedade do conhecimento, mas precisamos pavimentar de forma coordenada as cidades digitais que teremos amanhã e garantir que brasileiros de todas as origens e classes sociais habitem e utilizem essas cidades em igualdade de condições. Se nos últimos 100 anos a democracia lutou pela garantia de liberdade de expressão e manifestação do pensamento, teremos que adicionar a esta demanda permanente o direito à comunicação.

Texto extraído do doc: Conjunto de moções aprovadas pelos delegados(as) do 4º. Congresso Nacional Extraordinário do Partido dos Trabalhadores, realizado nos dias 2, 3 e 4 de setembro de 2011 em Brasília/DF.
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