segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Barracos de famílias que vivem em área de risco de Votorantim serão demolidos; no lugar surgirão as tão sonhadas casas próprias.



SITE: opiniaosocialista.wordpress.com

Fonte: Jornal Bom Dia

A casa tem palmeiras e sabiás

Barracos de famílias que vivem em área de risco de Votorantim serão demolidos; no lugar surgirão as tão sonhadas casas próprias

Gilson Hanashiro/BOM DIA
Thiago Oliveira Rosa e a mulher Patrícia Omodei estão contentes: darão nova moradia aos filhos João e Sara
Thiago Oliveira Rosa e a mulher Patrícia Omodei estão contentes: darão nova moradia aos filhos João e Sara
Rodrigo RainhoAgência BOM DIA
Mais difícil do que escrever esta matéria foi achar os moradores de Palmeirinha, no bairro Itapeva, em Votorantim. Chegamos uma comunidade quilombola no bairro Votocel onde um líder avisou que ali não havia ninguém vivendo em área de risco. Nossa equipe foi então à prefeitura que, no mapa,  mostrou a área que, segundo moradores, irá do “inferno” ao “paraíso” nos próximos meses.
Logo na entrada da Palmeirinha percebe-se uma favela semelhante à maioria das outras que se vê por São Paulo: fios elétricos pendurados resultantes de inúmeros gatos de energia, ruas de terra com valas e sujeira, esgoto a céu aberto e cachorros soltos pela rua. Nas portas dos barracos, moradores olhando desconfiados.
É preciso caminhas cerca de 100 metros até chegarmos ao barraco da líder comunitária Vera Lúcia de Oliveira. Ela é nossa  “guia” para que façamos nossa reportagem. Caso contrário, dizem os moradores, poderíamos correr perigo. O tráfico é presente no bairro. Essa mulher de pouco mais de 40 anos é a porta-voz de um povo que mora em condições de absoluta pobreza: Palmeirinha não tem asfalto, rede de esgoto, não tem estrutura.
Palmeirinha nova /Um convênio da Prefeitura de Votorantim com a Caixa Econômica Federal que conta com o apoio do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) vai destinar R$ 3 milhões para obras de infraestrutura em áreas de risco e 49 milhões para a construção de moradias para a população em risco de Votorantim. Três áreas terão melhorias. Uma deles é Palmeirinha.
Ruas, redes de esgoto, água encanada e eletricidade passarão a fazer parte do dia a dia e as obras começam em 30 dias. “Com esses conjuntos habitacionais, acabaremos com 80% das áreas de risco da cidade”, afirma o prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT). “Moradores em áreas de risco de outras regiões serão levados para seis áreas novas de Itapeva/Palmeirinha, Votocell e Vila Garcia”, diz o prefeito. “Nesses locais também estarão disponíveis serviços, qualificação profissional e centros comunitários”, afirma.
Só alegria /O mecânico de manutenção Thiago Oliveira Rosa, 26, é um dos mais entusiasmados com as mudanças que virão. Eufórico com a perspectiva de ver a área de risco transformada em bairro, planeja sua futura nova vida com a mulher Patrícia Ferreira Omodei, 24. “Imagino uma casa nova, com teto firme, mais segurança para meus filhos João, 3, e Sara, 1 ano e três meses. Eles não terão constrangimento social na escola. Hoje sofrem preconceito por morar em favela.”
A dona de casa Josiana Cristina da Silva, 24, que tem a filha Kauani Vitória, 1, será outra beneficiada pelo programa. Ela torce pelo fim das “noites de terror” da Palmeirinha. “Sempre que chove, a ventania balança os barracos. A parede balança, a telha ameaça cair”, disse. “Morar aqui é digno. Mas na casa, não correremos risco”.
PAC 2 beneficia cadastrados em 2009O sonho da casa própria não será realizado por todos os moradores de Vila Garcia, Votocel e Itapeva. Apenas os cadastrados no censo 2009, em áreas de risco, serão contemplados.
900famílias que moram em áreas verdes invadidas de Votorantim terão infraestrutura e casa
A esperança é a última que morreVera Oliveira, líder da comunidade Palmeirinha, luta pela causa há 20 anos
Ela já dava sinais de que começaria a desistir da luta por moradias para Palmeirinha. “Já estava cansando. Mais de quatro prefeitos prometeram tirar a gente da favela, mas não cumpriam a palavra”, diz Vera Lúcia Oliveira, líder comunitária da  região. Na condição de moradora da favela, ali instalada no início dos anos 90, essa mulher de 45 anos revoltou-se com as condições precárias dos moradores e resolveu bater à porta dos políticos – vereadores e prefeito – até conseguir alguma melhoria para seu povo, que chega a colocar lona no teto para proteger-se do granizo. “As pessoas vieram para cá porque não tinham onde morar. É simples. Não nos instalamos aqui por acaso.”
Reação/O sentimento de Vera, uma humilde e popular representante daquela comunidade, foi de alívio. “Foi o momento mais feliz da minha vida. Esperávamos demais por isso. Represento as áreas de risco de Palmeirinha há muitos anos. Muitos governantes prometeram vida nova para essa população. Achei que morreria ouvindo promessas.”
Critérios/Nada agrada a gregos e troianos. Tem gente inconformada com um fato concreto: a comunidade da favela terá que pagar por água e luz a partir de outubro de 2012, quando as obras dos conjuntos habitacionais serão concluídas. “Os centros comunitários vão conscientizar os moradores de que devem pagar pelos serviços, assim como todo cidadão faz”, comenta Pivetta. “Esses moradores esperaram muito por que é difícil conseguir esse financiamento. Contei com a ajuda do governo federal. Caso contrário, não seria possível”. O PAC 2 destina recursos para infra-estrutura e urbanização de favelas, sem ligação com o Minha Casa Minha Vida.

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